ALICE ADAMS, 1935


(A Mulher que Soube Amar)
Dir: George Stevens
Com: Katherine Hepburn, Fred MacMurray, Fred Stone
Lindo, inteligente drama sobre os desafios de uma jovem tentando superar as restrições sociais de uma cidade pequena, os preconceitos que dinheiro cria e as dificuldades da família em que cresceu. Maravilhosos personagens, a Hepburn nunca foi melhor, eu acho. (O título em português é um “daqueles” rs)
(filme INSPIRAÇÃO)

Países visitados

África do Sul, Alemanha, Andorra, Argentina, Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Chile, Checoslováquia, Escócia, Espanha, Estados Unidos, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hungria, Ilha da Páscoa, Inglaterra, Iugoslávia, Irlanda, Itália, Mônaco, Quênia, Polinésia Francesa, Portugal, Suíça, Tanzânia, Tunísia, União Soviética

DER LETZTE MANN, 1924


(A Última Gargalhada)
Dir: F.W. Murnau
Com: Emil Jannings
Sensacional filme mudo sobre a humiliação de um porteiro de um hotel chique, ao ser transferido do seu querido posto. Um dos meus filmes favoritos e uma aula obrigatória para qualquer cineasta ou roteirista sobre como contar uma história em imagens. ver no YouTube.
(filme INSPIRAÇÃO)

THE DEAD, 1987


Dir: John Huston
Com: Anjelica Huston, Donal McCann
Último filme do mestre Huston, e que despedida maravilhosa das suas raízes Irlandeses, país onde também morou durante muitos anos, numa casa de campo no oeste rural do país, perto de Galway. Este filme é uma linda, delicada e rica adaptação do magnífico conto de James Joyce, no livro Os Dublinenses.
(filme INSPIRAÇÃO)

INSPIRAÇÃO – O ROTEIRISTA COMO ARTISTA

PLAYTIME, 1967. dir. Jacques Tati

Este post é principalmente para roteiristas, porque me parecem especialmente vulneráveis às influências da era materialista em que vivemos. Mas possivelmente outros artistas vão conseguir transpor estas reflexões para suas realidades e o acharão interessante.

A técnica de um artista se constrói ao longo de anos de estudo, observação ativa e profunda compreensão não só de todos os aspectos, estilos e história da sua arte, mas também do mundo à sua volta. Suas habilidades técnicas serão desenvolvidas através de elementos aprendidos através de outros artistas, mas mais ainda através do constante processo de acertos e erros acumulados durante a prática (idealmente diária) do seu oficio.

Tenho a impressão de que na lógica atual de criação de roteiros no Brasil a técnica geralmente é considerada o fio condutor no desenvolvimento de um roteiro, um guia com uma série de elementos a serem seguidos. E de fato, se você seguir o passo-a-passo e conceitos expostos pelos Fields, McKees e tantos outros professores (ou até “gurus”!), conseguirá escrever um roteiro com personagens, falas e uma história. Até vai dar para produzir um filme baseado neste roteiro. Mas se você em algum grau se subordinou à técnica, ao invés de usá-la sob seu comando, feito um artista livre, dificilmente será uma obra inspirada. Continue lendo “INSPIRAÇÃO – O ROTEIRISTA COMO ARTISTA”

HECTOR BABENCO, R.I.P.

 

Conheci Hector Babenco em 2001 quando ele estava trabalhando no roteiro de Carandiru e, a partir dali, trabalhamos juntos em todos os seus filmes. Hector se envolvia em todos os aspectos da produção e como falava bem inglês sempre participava ativamente dos desafios de tradução dos seus roteiros ou da legendagem – que no caso de Carandiru, aliás, não eram poucos. A linguagem musical das falas do detentos precisava de atenção especial e em 2002, quando chegou a hora de prepararmos as legendas, acabei passando três dias em SP com Hector e o veterano montador Mauro Alice, criando cuidadosamente os diálogos em inglês.

[Durante aquela visita, outro grande presente eram os almoços com Mauro, porque ele contava histórias do seu mestre austríaco Oswald Hafenrichter, de quem aprendeu a editar nos anos 50. Depois da guerra, Hafenrichter havia sido chamado para Londres para trabalhar com Alexander Korda e Carol Reid, e chegou a ser nomeado para um Oscar por seu trabalho primoroso em The Third Man, com Orson Welles. Em Londres ele conheceu o brasileiro Alberto Cavalcanti, que em 1949 estava voltando para o Brasil para  montar o estúdio Vera Cruz. Em 1950 Cavalcanti convenceu o Hafenrichter a passar uma temporada no estúdio e foi assim que Mauro teve a sorte de receber uma formação tão ilustre – e rigoroso.]

Outro trabalho importante que fiz para Babenco foi seu último filme, Meu Amigo Hindu. Importante porque o roteiro acabou sendo filmado em inglês, então a tradução do roteiro servia tanto para os ensaios quanto como shooting script durante as filmagens. No período dos ensaios foi necessário manter atualizada a versão em inglês, um processo complexo ao longo de meses de trocas para realizar, a cada três ou quatro dias, as sempre urgentes mudanças .
A partir de 2010, Hector acompanhou de longe a criação e crescimento da Michael Chekhov Brasil, então um dia durante uma conversa sobre o roteiro disse: “Vou te dar um papel no filme, tá bom?” Acabei fazendo uma ponta como o personagem Ivan, um velho judeu amigo do protagonista (Willem Dafoe).

Hugo Moss no papel de IVAN em Meu Amigo Hindu, 2015

Pelo seu ritmo de produção, seria provavelmente por estes dias que eu receberia um telefonema do Hector com alguma demanda para seu novo roteiro. Mas Hector faleceu exatamente um ano atrás, não muito tempo depois do lançamento de Meu Amigo Hindu. Ele tinha 70 anos de idade.

Sentindo muita falta agora do telefonema que não virá mais.

EU, DIRETOR


Michael Chekhov não foi o primeiro e eu não serei o último a considerar que “o ator é o teatro”. A direção e luz e figurino etc. precisam ficar a serviço da história sendo contada através da arte dos atores, como um conjunto de músicos suportam a arte de um cantor ou a fotografia, a narrativa de um filme. Se saímos de um show elogiando em primeira instância o baixista ou do cinema discutindo a fotografia incrível, é provável que a relação do conjunto e o senso de inteireza deixem a desejar.

Com nossa produção de “Boa Noite, Mãe” é muito pouco provável que a plateia, na saída de uma apresentação, comece a falar da direção ou da luz ou de qualquer outra coisa a não ser os personagens, a história em si e o trabalho das atrizes. A direção, como outros elementos, está praticamente invisível, costurada dentro da criação das atrizes de uma forma tão intrínseca que nem eu, nem Fabianna ou Thaís conseguiríamos definir 100% onde o trabalho de cada um começa ou termina. Continue lendo “EU, DIRETOR”