Tem filmes que são muito dificeis, cansativos e frustrantes de fazer… e outros que são pura diversão, como o pequeno doc-carioca DIA DE FEIRA , que filmei em 2005. É um registro de um daqueles fenômenos que surgem inexplicavelmente no Rio de Janeiro de vez em quando, ondas tão distintas quanto o verão da lata ou a mais recentemente febre dos Yogoberries. São manifestações sociais/comerciais/culturais/artísticas que surgem do nada, viram moda por um tempo e justamente quando você está se acostumando com a nova realidade e começando a curtir, somem novamente como uma miragem.
O sambista Moacyr Luz morava em Muda, na Tijuca, vizinho do seu amigo Aldir Blanc na Rua Garibaldi, onde nas sextas-feiras tem uma feira. Moacyr um dia sentou por ali na feira, começou a bater papo com os feirantes e daqui a pouco um amigo ou outro começou a se juntar. Logo depois conseguiram uma mesa de feirante para ficarem mais acomodados…e aos poucos o encontro foi crescendo. E crescendo. Logo, logo dezenas de amigos de várias partes do Rio começaram a se reunir toda sexta de manhã na feira da Rua Garibaldi, para comer churrasco, ostras, camarão e outra iguarias – e beber, claro – enquanto resolviam os problemas do mundo com papos infinitos.
DIA DE FEIRA conta a história de uma destas manhãs inesquecíveis. Filmar o crescente caos foi uma loucura e a edição foi um desafio razoável, mas doze anos depois continuo muito feliz com este trabalho (fato raro). Moacyr gravou uma música para a trilha. Durante muitos anos meus amigos Thomas e Therezinha Schönauer, de Düsseldorf, na Alemanha, sempre que alguém perguntava como é o Rio de Janeiro de verdade, respondiam mostrando este filme.
DIA DE FEIRA está no YouTube em três partes: